sábado, 18 de outubro de 2008

Corta!

Tô eu aqui estarrecida com tudo o que vi nesses últimos dias na TV.
Um jovem sem perspectivas maiores de vida se vê acuado diante do fim de um namoro e se agarra a isso como possibilidade única de sentido. Perder este sentido o leva a uma atitude extrema, submeter a namorada ao cárcere privado, na tentativa de tê -la novamente.
Caso simples para o McGyver, Law&Order, enfim, mas, na prática e na vida real, a teoria é outra!
As questões da violência têm sido há muito debatidas, mas se mostram aí, diariamente, nem sempre dando IBOPE.
São Paulo é um estado que não se rende e não admite errar. Pautado no centro financeiro e intelectual do país, a maioria das instituições ali sente-se inabalavel, incorruptível e desde de o ataque do PCC a ferida narcísica de nosso estado, principalmente da polícia, não se fechou.
Por outro lado, esquecemos que são humanos. Portrás daquela farda existem pais, namorados, filhos, histórias que, por circunstâncias ou condição, acabam também se perdendo no confronto à violência que eu e você não vamos, mas, eles têm que enfrentar, mesmo no limite de si próprios, mesmo, correndo o risco de não saberem o próximo capítulo.
Mas, de qualquer forma, me envergonhou muito, enquanto paulista, e me fez pensar na atitude da polícia e da mídia.
As atitudes da polícia refletem uma instituição que desnaturaliza, que corrompe, que resfria, pautada em poder e controle e de uma certa arrogância que delega a alguns o destino de vida e morte, punição e benevolência.
Ele não reagiu,eu vi ao vivo. Ele foi espancado.
Sabemos que hoje, todos querem seus 15 minutos de fama e, algo que até então, dizia respeito a vida particular deles, uma história de "amor", tornou-se pública, parte de nossas vidas, com enredo de filme, vilões, bandidos, heróis, pessoas indefesas. Nosso BBB suspense.
Isso tudo levou ninguém querer errar, ninguém poder retroceder, atitudes calculadas egoisticamente, pensadas não no necessário para a ocasião, mas na repercussão social e midiática. Só faltou patrocínio...
A história acabou para nós, como mais uma novela, só que essa, sem final feliz mesmo para os que estão do outro lado da poltrona. Nada de Helenas, nada de Leblon. A realidade dura da periferia de uma grande cidade, reflexo da nossa omissão, conivência, negação e preconceitos contra os migrantes, os menos favorecidos, condições de trabalho dignas, acesso à cultura, lazer, educação e saúde, mental também e uma igreja falha, que só pensa em suas bençãos e no próprio umbigo.
Somos todos co-autores deste enredo. Ação!

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