domingo, 30 de agosto de 2009

Para uma amiga com dor no coração

Viver é perigoso, já anunciava Guimarães Rosa. No mundo tereis aflições, advertia Jesus Cristo.
E eu te digo, minha amiga, uma vez aqui, não temos para onde correr. A gente bem que tenta encontrar formas de driblar toda essa loucura, essa dor, a gente acredita numa tal felicidade e passamos a brincar com ela de esconde-esconde, às vezes a gente parece que achou, ela parece estar em algo, outras vezes em alguém. No alguém, parece que quando ela se esconde e vai embora dói mais...
Aí, a gente fica cheio de perguntas - sim! Porque a felicidade só chega, mas não traz respostas - será que a pessoa vai embora porque quis, ou a felicidade é que a levou, porque não suporta estar parada? Será que ela, sedutora que é, chamou o outro, lá de longe, e ele, enfeitiçado, vai e nos deixa assim, leva um pedaço da gente, pedaço onde ela parecia se encaixar.
Cazuza já dizia que amor a gente inventa pra se distrair e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu. Penso que ele falava dessa tal felicidade e não do amor... porque acho mesmo que a gente quer a felicidade porque viver é difícil demais.
Mas, ainda assim, não há o que você faça, não há o que você seja, não há como voltar no tempo que correu. Quando alguém decide ficar com você, ele abre mão da felicidade, porque conviver, VIVER COM, é ir para o real e sair da ilusão. Então, tem compensações, mas não a felicidade.
Pena que, por acreditar nisso, a gente abra mão de si, abra mão do outro, e acha que é infeliz e por não ter feito o outro feliz é que ele se foi. Amar é uma escolha e, como toda escolha, precede uma renúncia. Não há como amar e não abrir mão de um leque de convicções, certezas, concessões, manias, erros, defeitos, que por aí vai e se abre e se concede todos os dias ao outro o direito de ser ele mesmo, ainda que você quisesse, sentisse ou achasse de outra forma
Então, fique tranquila! Ele foi porque quis, e se, ele perceber que a felicidade não existe, talvez ele volte. Volte pra dizer que quer sim, uma vida com você, do seu jeito, do jeito dele, como der pra se arranjar, apesar de tudo, apesar de vocês e que, se a felicidade quiser, ela pode fazer parte, mas não ser condição. Aliás, que não haja nenhuma condição, mas haja mesmo amor.
Amar é o APESAR DE, como eu, sua amiga, te amo, mesmo que muitas vezes não concorde, mesmo que em outras não aceite, mesmo quando você me irrita. Aí é que te amo mais, te amo porque você é humana e isso me torna próxima a você e consigo, pacientemente esperar suas mudanças, caso você decida por fazê-las, e não achar que perdi tempo, porque sua essência é o que, de fato, me importa.
Amar é mais saber o momento de deixar o outro ir do que estar com ele, essa é minha frase mesmo e é só o que posso te dizer por hora.
Independente de quem vá ou fique, eu tô aqui, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.
Fique bem!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ah! Eu já sabia!!!

"Parecer perfeito nunca foi sinal de saúde mental. Bem ao contrário. Ter a coragem de ser imperfeito indica muito mais uma auto-estima saudável do que fingir ser impecável." (Mark Baker)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Everlasting Love

Ouvi uma vez que existem substâncias que quanto mais puras, mais letais são, porque o corpo não suporta a intesidade de seu estado puro; ele sucumbe. Me pus a pensar que, raramente, suportamos algo em estado puro, aprendemos a nos contentar com impurezas.
Nos dizem que, por exemplo, que temos que ser felizes e que não seremos felizes sem alguém.
E vamos nos adequando, de maneira inadequada, sem nenhuma pretensão maior que o desejo de sermos felizes, simplesmente porque escutamos, porque aprendemos a identificar comportamentos que nos disseram ser manifestações de um sentimento bom e necessário para a tal felicidade, aprendemos a não perdoar quem não demonstra tais afetos nos moldes assim definidos. Aprendemos a esperar o amor, nos apaixonando, como condição e prerrogativa.
Nós, na verdade, não. Nunca me apaixonei, e não sendo eu um padrão para muitas coisas, criei paixões para mim, acreditei nelas, mas, inadequava-me também, na maioria das ocasiões.
Sim! Aprendemos a fingir paixões para nos adequarmos...
Porém, quando o sentimento em nós está para além das convenções, uma calmaria aqui no peito serve de bússola indicando que o caminho é esse mesmo, ainda que o tempo feche.
Vejo a paixão como um sentimento caprichoso e egoísta, cheio de impurezas com o qual as pessoas se contentam, na busca de algo que traga um sentido para suas vidas, disfarçado da tal felicidade. Há quem perca a graça da vida sem se apaixonar, há quem viva de paixões como necessidade, forma de se manter vivo, esquecendo-se de si e do outro, ainda que pareça o contrário.
A paixão existe para a gente não sucumbir. Não aprendemos a amar e a aceitar o amor, em estado puro, etéreo, desmaterializado, despersonificado.
O amor em estado puro, mais que aproximar os corpos, afasta, pois não é pálpavel. Amar é aceitar mais a hora da partida que da chegada. Às vezes, é tanto amor que o corpo não aguenta e na sua ausência, o amor se faz presente.
É muito sentido, pouco corpo, poucas palavras. Não dá mais!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ao bom entendedor

Eu não gosto de ninguém - Matanza

"Não me faça nenhum favor
Não espere nada de mim
Não me fale seja o que for
Sinto muito que seja assim
Como se fizesse diferença
O que você acha ruim
Como se eu tivesse prometido
Alguma coisa pra você
Eu nunca disse que faria o que é direito
Não se conserta o que já nasce com defeito (tipo.. oi? VOCÊ, É CLARO!)
Não tem jeito
Não há nada a se fazer
Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva
Mesmo que eu pudesse conviver com a minha dor
Nada sairia do lugar que já estava
Não seria nada diferente do que sou
Não quero que me veja
Não quero que me chame
Não quero que me diga
Não quero que reclame
Eu espero que você entenda bem
Eu não gosto de ninguém"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Abiose

Acompanho um blog muito legal, e esse texto resume, traduz, fala por mim. Fala dessa minha sensação, esse meu cansaço com a falta de vida, falta de gente, falta de assunto.

"às vezes o mundo todo é tão idiota, guiado por gente cafona, passive-aggressive, materialista, cujo máximo de inteligência que consegue alcançar é ouvir uma música do seu jorge e achar roots pra caralho, gente que enquanto cheira sua carreirinha arrota felicidade e olha pros outros se achando muito mais, covardes que batem e fogem, que não suportam o sucesso alheio, não suportam o amor nos olhos dos outros, não conseguem. porque não têm em si, dentro de si. e o que não se tem não se pode ver fora, já dizia gianna gianni, minha professora de linguística quando explicou que os esquimós sabem nomear não sei quantos tons de branco. porque têm, porque vêem... " (Lele Siedschlag)

domingo, 2 de agosto de 2009

Anos Luz

O ser humano tem a estranha prepotência de achar que controla o tempo e, consequentemente, a vida.
Principalmente, da adolescência indo lá pelos 20 anos, sentimonos onipotentes e capazes de tudo, controlar o mundo, resolver problemas, ou, simplesmente, minimizar seus efeitos.
Com o tempo, entendemos que os ossos são frágeis, que a palavra é concreta, que as consequências, mesmo não imediatas, tem um peso que nem sempre compensa carregar.
E aí, você não se atém só ao tempo, você vê também as distâncias, os caminhos a percorrer, de quem quer, de fato, estar perto e começa a perceber que não basta ter a alma grande e que não é apenas o crime que não compensa.
O que importa mesmo é que as distâncias sejam curtas e os abraços sejam longos...