segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

É nóis!

Que eu gosto de rap não é novidade. Qualquer pessoa que conviva comigo um dia, acaba percebendo, seja por dizer mesmo, seja por expressões, gírias, enfim, é algo que incorporei porque faz sentido, gosto da batida, gosto das letras.
Acredito no movimento.Penso que as ondas de violência que temos hoje seriam maiores e mais impactantes caso o movimento HIP HOP não tivesse emergido.
Ele trouxe a voz calada das ruas, dos guetos, a (re) construção de uma identidade negra, mas, também pobre, trouxe a possibilidade de subjetivação para além dos centro urbanos, para além do padrão Globo de qualidade. A subjetivação da margem, da periferia, o que a gente não vê quando desliga a TV.
A fala entrecortada pelos sons dos scratchs que destoam do encadeamento, mas complementam, a crônica da vida dura, concreta que ganha ritmo, cadência sem simbolismos ou metáforas; as imagens distorcidas , mas carregadas de cores dos grafites, de signos muitas vezes não codificados que somos obrigados a nos confrontar nos muros das ruas. Não querem nos olhar, mas a montanha veio e está aqui.
O movimento dos B-Boys que emprestam seu corpo para malabarismos, diriam uns, contorcionismos, diriam outros, mas que trazem em sua dança a marca da diferença.
A diferença do molejo, do ritmo, da habilidade que se tem que desenvolver ao longo da vida de privações, vida de renúncias, vida de exclusões.
Peça licença e entre na roda, mas ali dá sim para saber quem é quem. É como se, através do movimento, nos dissessem: É, mas isso vocês não fazem, e se fizerem não é como nós!
Nós que utilizamos as imagens, fomos engolidos pela cinestesia da dança, a visibilidade dos grafites, o som abafado que não se barra nos carros escuros.
Só para contrariar as estatísticas da ciência das elites, fizeram melhor! Sem maldade...

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