quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Parada Final

E eles entraram no vagão, seus corpos, melhor dizendo. Mãe e filho, não há como negar: olhar triste, perdido, semelhanças de alma, mais marcantes que o biotipo, mais marcantes que o cordão que um dia os ligou. Sim, já tiveram conexão.
E ela se sentou ali, distante dele, que por sua vez, deu-lhe as costas levando consigo seu ponto fixo no nada, algo que o acompanha diariamente, um peso um tanto grande para uma criança.
Pontos fixos assim costumam carregar adultos, já com uma certa idade, diante das agruras da vida.
Mal se mexia, as freadas do metrô não o incomodavam, estava acompanhado, tinha seu ponto.
Cadeiras vagas, ela se aproxima. Inicia seu monólogo, tentando parecer simpática, reclama a organização da casa e sorri. Tentando parecer próxima, pega-lhe a mão. Ele responde com um olhar, mas era apenas para constatar que as unhas estão sujas e mal cortadas.
De volta ao ponto fixo, ele aguarda a próxima estação.
Não do metrô, mas da vida.

2 comentários:

Dan de Si disse...

RECUSO-ME A ENTENDER
ESSE MUNDO TARDIO
E INSENSATO,
TÃO CHEIO DE LIMITAÇÕES.
QUERO SAUDAÇÕES,
QUERO INCLINAÇÕES DE CORPOS
DELEITES DE OLHOS
E LÁGRIMAS SUPLANTADAS.
ESSE MUNDO NÃO OFERECEU
PREPARO PARA A MINHA
EXISTÊNCIA
E ASSIM,
SURPREENDO MEUS
CAMINHOS COM A
LIQUIDEZ DA MINHA CORAGEM.
SUPERO MEUS MEDOS
COM O FERVOR DAS MINHAS
INCONSTÂNCIAS,
TÃO REAIS E FANTÁSTICAS,
QUE PARECEM OBRA
DE UM ACASO
IMPETUOSO.

Dan de Si disse...

EU JÁ NÃO CAIBO


MAIS EM MIM


NÃO VIVO MAIS


EM TI


E MUDEI MINHA MORADA


PRÁ UM LUGAR


ESTRANHO


POSTO QUE SOU


DESILUDIDO,


POSTO QUE SOU


INFINDÁVEL


NAS AGRURAS


DA VIDA.


UMA VIDA QUE NÃO CONHEÇO


QUE NÃO ADMITO


QUE NÃO VIVO.


E NÃO CAIBO MAIS


NAS MINHAS ILUSÕES


SENTIDAS


NOS MEUS MORTOS


QUE GUARDO


LONGE DAQUILO QUE


NÃO CABE MAIS


EM MIM.