E eles entraram no vagão, seus corpos, melhor dizendo. Mãe e filho, não há como negar: olhar triste, perdido, semelhanças de alma, mais marcantes que o biotipo, mais marcantes que o cordão que um dia os ligou. Sim, já tiveram conexão.
E ela se sentou ali, distante dele, que por sua vez, deu-lhe as costas levando consigo seu ponto fixo no nada, algo que o acompanha diariamente, um peso um tanto grande para uma criança.
Pontos fixos assim costumam carregar adultos, já com uma certa idade, diante das agruras da vida.
Mal se mexia, as freadas do metrô não o incomodavam, estava acompanhado, tinha seu ponto.
Cadeiras vagas, ela se aproxima. Inicia seu monólogo, tentando parecer simpática, reclama a organização da casa e sorri. Tentando parecer próxima, pega-lhe a mão. Ele responde com um olhar, mas era apenas para constatar que as unhas estão sujas e mal cortadas.
De volta ao ponto fixo, ele aguarda a próxima estação.
Não do metrô, mas da vida.
2 comentários:
RECUSO-ME A ENTENDER
ESSE MUNDO TARDIO
E INSENSATO,
TÃO CHEIO DE LIMITAÇÕES.
QUERO SAUDAÇÕES,
QUERO INCLINAÇÕES DE CORPOS
DELEITES DE OLHOS
E LÁGRIMAS SUPLANTADAS.
ESSE MUNDO NÃO OFERECEU
PREPARO PARA A MINHA
EXISTÊNCIA
E ASSIM,
SURPREENDO MEUS
CAMINHOS COM A
LIQUIDEZ DA MINHA CORAGEM.
SUPERO MEUS MEDOS
COM O FERVOR DAS MINHAS
INCONSTÂNCIAS,
TÃO REAIS E FANTÁSTICAS,
QUE PARECEM OBRA
DE UM ACASO
IMPETUOSO.
EU JÁ NÃO CAIBO
MAIS EM MIM
NÃO VIVO MAIS
EM TI
E MUDEI MINHA MORADA
PRÁ UM LUGAR
ESTRANHO
POSTO QUE SOU
DESILUDIDO,
POSTO QUE SOU
INFINDÁVEL
NAS AGRURAS
DA VIDA.
UMA VIDA QUE NÃO CONHEÇO
QUE NÃO ADMITO
QUE NÃO VIVO.
E NÃO CAIBO MAIS
NAS MINHAS ILUSÕES
SENTIDAS
NOS MEUS MORTOS
QUE GUARDO
LONGE DAQUILO QUE
NÃO CABE MAIS
EM MIM.
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